a sala de jantar ainda acesa, a varanda, o jardim e lancei-me à rua, sem destino.

Tomei o primeiro bonde que descia, ansioso pelo tumulto da vida. Mas toda a cidade estava cheia do meu terror.

No escuro das ruas solitárias cruzavam comigo, em deslize aéreo, finas, funéreas silhuetas fluídas, halos pairavam ante meus olhos e desapareciam súbito. Nos próprios grupos eu sentia, adivinhava a presença de um ser vago, incorpóreo que se integrava entre vivos, como a refugiar-se.

Andei até tarde, errando. Achegava-me aos pontos mais concorridos, mas em toda a parte, em tudo eu sentia a influência nefasta de um prestígio mau.

Em uma baiuca, perdida em viela escusa, mulheres esbagachadas, em mangalaça bulhenta, os cotovelos fincados em mesas sórdidas, rolando os olhos vítreos, enlanguecidos pela embriaguez, fumavam, chalravam entre súcios da malandragem noturna, ao som roufenho de uma sanfona que um deles premia.