Estive à porta saturando-me da exalação do contubérnio, mas o próprio vício tornou-se sinistro e os zastres e as zabaneiras, acomadrados dissolutamente, pareceram-me apenas visões que se dissolveriam como se dissolvia o fumo que empanava a espelunca. Um carro passou num vozeiro alegre — dois rapazes e duas raparigas. Tomei um tílburi, mandei segui-los, querendo apegar-me àquela estroinice dissipadora. Apearam no Paris. Entrei.

O salão regorgitava fúlgido. Abanquei à primeira mesa livre e, sem disposição, inerte e exausto, entreguei-me à vontade do criado que me serviu a ceia. Vendo-me ao espelho quase me surpreende achando-me o mesmo, tão mudado me sentia interiormente.

Ficaria, até o amanhecer, naquele rumor, à luz viva daqueles lustres se os notambulos não se fossem retirando, cada qual a seu rumo, uns cantando ajoujados a raparigas, o chapéu à nuca, atirando as pernas em boléos de dança; outros lentos, pensativos, macambúzios, bocejando.