da cor dos seus olhos, da graça alada do seu andar... É intelectual, tem alma ou é uma Vênus bruta, carne analfabeta e lúbrica?... Disse-lhe o meu pavor.

— Quê! Naquela casa? É impossível!

— É verdade. Não sei que foi...

— Talvez mau vinho, ao jantar.

— Não bebi.

— Então, meu caro, és um mimoso dos deuses, o único homem neste encanecido e esgotado planeta a quem ainda foi dado gozar a super excelência de um frisson. Porque não há mais frissons. Os poucos que restavam Baudelaire consumiu-os. E tu encontraste um!... Homem feliz! E deixar a sensação superior para chapinhar no lodo desta Suburra infecta. Se me prometes um pouco do teu medo, um arrepio, ao menos, vou contigo, passo a noite a teu lado. Se não, vem daí à Copacabana, conversar com o velho oceano e saborear um chop gelado, que é o orvalho com que costumo rociar a flor do meu lirismo, em noites sentimentais. Vamos, decide-te!