Saí para remergulhar na noite que me apavorava.

A lua sumira toldada por grossas nuvens; um vento forte lufava.

À porta pareceu-me distinguir a voz do Décio, num grupo.

Era ele, todo de brim branco, angélicas à botoeira. Falava de Rodenbach com as suas explosões e hipérboles. Viu-me e, avançando, verdadeiramente assombrado, os olhos chispantes:

— Que é isto? Tu! O gato borralheiro... Às duas da manhã, sem guarda-chuva e capote, no limiar do Paris! Que é isto?! Que mudanças grandes ameaçam esta terra lúgubre! E aproximou-se, apalpou-me, examinou-me para convencer-se. Mas... És tu mesmo? Que é isto? Perguntou-me em segredo, com um sorriso no rosto menineiro. Tomou-me o braço e, com um “Boa Noite!” ao grupo, que logo se dissolveu, arrastou-me para o meio do largo. Anda, conta. Despeja no abismo da minha discrição a aventura desta noite. Dize-me do fulgor dos seus cabelos,