de ouro e de seda ou na melodia de um canto de amor do que nas sábias lições ou no garbo de um ginete aderençado em que eu seguia Arhat, cavaleiro aposto e ousado como um centauro.

Uma noite — era no inverno e nevava — ardia um lume alegre no vasto fogão de mármore e bronze espalhando em torno vivo clarão púrpureo. Eu lia, docemente agasalhado, quando, de improviso, estremeci num arrepio áspero de frio como se, por trás de mim, se houvesse aberto uma das altas janelas, recebendo da noite um esfuzio do vento.

Voltei-me transido: todas as portas tinham os ferrolhos corridos, não penetrara sopro, tão duros nas suas dobras caíam imóveis os reposteiros. O frio, entanto, recrudescia, ainda que as mãos e o rosto conservassem o calor, natural naquele aquecido ambiente.

Aproximei a poltrona do lume e foi como se me houvesse acostado a um bloco de gelo. Atabafei-me ainda mais repuxando as peliças e a sensação persistiu desagradável,