Meus pés afundavam mole, maciamente, no tapiz de felpa tênue; e tão espesso era o ar que eu ia por ele, vencendo-o, com o esforço com que um nadador rompe o corpo das ondas.

Mas o brilho de um foco de fornalha oculava em flama o extremo da passagem. Guiei-me por ele precipitado, quase a correr, e saí num recinto circular como o interior de um zimbório, que uma luz roxa, funérea, coada em ampulas de porcelana, enlutava.

Nos muros, forrados de seda violácea, bordada em lírios de prata, cavavam-se estranhos nichos, denticulados como cavernas, resguardando ídolos de olhos fuzilantes.

Um alampadario de ouro pendia do centro, suspenso por uma serpente de escamas rebrilhantes. De espaço a espaço, em copas de bronze, crepitavam resinas aromáticas ou ramos de flores esmaeciam em grandes urnas de ônix e de alabastro. Sobre um leito baixo, a cuja cabeceira velava um Buda de proporções humanas, inteiriçava-se um corpo coberto por um véu finíssimo, de uma teia sútil, diáfana