nos dias de chuva. Mais me distraia e enlevava o voo lento dos patos bravos, que subiam dos lagos em bandos e desapareciam por trás das colinas, destacando-se, um momento, em pontos negros, sobre o fundo esbraseado do ocaso.

Que eram maravilhas para quem nelas vivia, se os meus dias e as minhas noites foram sempre um continuado prodígio?

Assim, a primeira impressão que tive ao passar da câmara ao salão cujas janelas, largamente abertas, respirando um ar puro e fresco, recebiam o sol alegre e o perfume dos prados florescidos e davam aos olhos a delícia da contemplação do céu azul a que se sobrepunha, em relevo, o recorte dos montes, foi apenas de gozo logo, porém, recordando a véspera de agreste invernia, noite de vento e neve, e lembrando-me da aparição lúgubre que me tomara o passo, estremeci.

Como se fundira em horas a espessa nevada? Como abonançara em brisa afagante o desabrido vento? Como se refizera o arvoredo esmarrido que lá fora boleava a coma, ioda