enfolhada e em flor? Como do inverno estéril passaram, no correr de um sono, para a beleza e o viço da primavera céus e terra?

Olhava, enleado, quando ouvi passos e logo senti o aroma adorado de Maya. Voltei-me: era ela. Sorria, linda com uma rosa ao colo e à cinta, graciosamente posto, um molho de cravos amarelos. Interroguei-a sobre a transição que, tão rápida, se efetuara e ela disse serenamente:

— Se houve prodígio, esse foi o vosso sono de três meses. Adormecestes quando ainda os corvos esgaravatavam a neve. Vieram as primeiras andorinhas e encontraram-vos dormindo. A voz da cotovia não vos despertou, nem o rouxinol, trilando nos balseiros, conseguiu tirar-vos do letargo em que caístes. Campos e outeiros reverdeciam, árvores e seres cobriam-se de flores, derivavam ligeiros, com pressa festiva, os ribeiros que havíeis deixado retransidos. Enxames de abelhas invadiam os aposentos, borboletas acatasoladas vinham adejar em torno