A vida é uma sequência de atividade e inércia, um colar em que se intercalam contas negras e luminosas, dias e noites. Cada noite que escoa faz-te entrar em nova manhã. As reencarnações são grandes dias em que nos purificamos, passamos de um a outro pela sombra da morte, que é a noite ao termo da qual esplende a alvorada. O dia sem fim, luz a pino, claro e sereno e infinito dia, esse só alvorece depois de completar-se o ciclo das existências materiais — quando a pureza, por expiação, tornar-se igual à da iniciação — quando a candura da anciania se iguale à candura do berço.

Do sono que dormes passas para a manhã com a memória, que é a consciência do passado: a morte, que é um sono mais longo, apaga esse vestígio da vida, de sorte que nas reencarnações, há vagas reminiscências, certeza não pode haver: perduram estigmas, mas a lembrança esvai-se.

Aspirou o lírio longamente e prosseguiu: Está por pouco o meu degredo, devo, portanto, ser breve e tão claro quanto me o permita