a cabeça ereta e fulgurante, seguia a meu lado como um ser etéreo que se libertava do que nele havia de humano, adquirido na Humanidade, alijando dos olhos fitos, pela face esplêndida, lágrimas grossas que rolavam, luziam diamantinas, caiam na areia ou na relva e ficavam brilhando.

Chegamos a uma clareira. Ele fez com o braço hirto um gesto lampejante indicando-me um caminho revolto, por onde segui curvando-me como a uma ameaça.

A poucos passos andados todo me arrepiei ouvindo um longo, arrancado suspiro — uma força reteve-me: voltei-me e, maravilhado, estarrecido, vi o vulto luminoso do Mestre que se elevava em lenta ascensão e esmaecia, a pouco e pouco esvaia-se — apenas uma tremulina translúcida, como a exalação da terra calcinada nas horas mais estivas, pairava, mas volatilizando-se, subtilizando-se de todo sumiu. O lírio apenas, solitário, ficou suspenso no ar, a oscilar de leve. Súbito, como uma ave ferida, precipitou-se e, tocando em terra, desfez-se.