de jantar já iluminada, com a louça alvejando sobre a toalha lisa, por entre frescas flores que coloriam e perfumavam a modéstia da mesa de hóspedes.

Um falário atraiu-me à varanda onde um grupo discutia. O assunto era um telegrama e Pericles, exaltado em patriotismo, com a gravata a esvoaçar em pontas soltas, estrondava hipérboles, rememorando a nossa história épica: batalhas renhidas, feitos de bravura, atos de temeridade e gabava, com desabalados gestos, a resistência e a valentia sem arrogância do caboclo do Norte e o arranque desabrido dos cavalarianos do Sul, a gauchada brava, cuja lança, no arremesso indômito das cargas, leva de vencida aos mais aguerridos quadrados desbaratando-os no entrevero, aos gritos. E rubro, apoplético, com as veias túrgidas e roxas, amarfanhando o jornal em que lera o telegrama, atirou-o violentamente ao chão como se arrojasse, com asco, um guante ferrado aos pés de um ribaldo infame.

Riram-se do gesto e ele, mais incêndido