abobadava-se e a claridade, de uma lividez mortuária, longe de alumiar, era opaca dando-me a impressão de uma muralha amarela que me encerrasse — era uma luz que emparedava, clarão funéreo de sepulcro. Horrível!

Tateando cheguei instintivamente à porta do meu aposento. Ao tocar a maçaneta do trinco foi como se eu acionasse um comutador elétrico — a luz clareou e brilhou desempanada: vi! Mas os ouvidos eram como cavernas profundas que estrondavam, um fragor tempestuoso atroava-me o crânio e aos rebojos, em burburinho férvido, como arrojos de ondas rebentando em praia escabrosa, ruídos azoinavam-me.

Atirei-me ao divã apertando aflitamente, com as mãos geladas, a cabeça aturdida. Sentia-a crescer, inchar túmida, bojando como um balão e, de todos os pontos da sala, em cascalhada irônica, esfuziavam risinhos de mofa: era uma zombaria geral, o chasqueio das coisas em assuada que me enervava e retransia num grande, inenarrável medo.