Foi ele o único amigo que vi naquele aposento triste, ele só, nenhum outro e foi com ele e com o meu correspondente que, em uma radiosa manhã de domingo, ao repique festival dos sinos, deixei a minha cela presidiária e aquele homem de branco que, às vezes, parecia sair das paredes caleadas, como um espectro, alvacento, caminhando para mim sem rumor de passos, o olhar duro e fito, as mãos estendidas, trágico. O correspondente, mostrando-me uma carta de minha mãe, na qual a infeliz pedia que me fizessem seguir para a fazenda acompanhado de pessoa de confiança, pôs-se ao meu dispor declarando que podíamos, se eu quisesse, partir no noturno. Concordei. Ao tomar o carro, que nos esperava à porta, lançando um derradeiro olhar ao portão formidável da casa em que eu vivera, inconsciente do eclipse da minha alma, perguntei ao Décio:

— Mas então eu estive louco...?

— Louco?! Qual loucura, homem! Olhou-me risonho e, como o carro partisse, agarrou-me com força nos braços e disse-me com