— Perdão, meu amigo, atalhou o comendador espalmando a mão — sou uma criatura como o senhor, quero dizer: tenho alma, a prova é que sou cristão e aqui lhe digo: em coisas de memória sou uma pedra. Basílio sorriu ferino e, rolando bolas de pão, perguntou sem levantar a cabeça:

— E números, comendador? Cifras...?

— Sim, isso vá; pela prática. Mas no colégio... A história, por exemplo. Nunca pude com aquilo: misturava os reis, fazia uma confusão dos diabos. Perdi-me nas cruzadas.

— Mas achou-se com os cruzados, perpelrou Basílio esfregando os dedos. A gargalhada explodiu irresistível e o comendador, com um risinho amarelo, enrolando o guardanapo, engrolou uma resposta que se perdeu. Miss Fanny dirigiu-se a Décio, apartando de leve as rosas de um vaso que o encobriam.

— E de Tennyson? Sabe alguma coisa, doutor?

— Ah! Miss... Infelizmente... E meneou