mesa antiga, de colunas torsas, à volta da qual vastas e gordas poltronas de marroquim cor de vinho abriam maciezas sensuais de colos.

Flores em profusão. Havia-as em vasos, esquecidas pelas cadeiras, morrendo sobre os consoles e os pés calcavam frouxos ramilhetes murchos, rosas secas, elásticas como de pano.

Sobre a mesa um ancho e grosso volume encapado em couro, atraiu a minha curiosidade aguçada. Abri-o.

As folhas, de velho, encardido pergaminho, crepitavam, ringiam como lâminas de estanho. No frontespicio dois lírios prendiam-se à mesma haste — um ereto, em campânula estrelada, outro márcido, pendido em languor e encimava-os um coração gotejante varado por uma flecha.

Virei a folha e apareceu o texto em arabescos bizarros, de formas irregulares e combinações complicadas: discos e sigmoidais, bastonetes cuneiformes atravessando ou ladeando gregas, hemiciclos em feitio de crescente,