como a um choque e atirou a pasta sobre a mesa, pondo-se a caminhar agitado, arrepelando-se. Ainda exalou: Ninguém sabe! Mas logo, serenando, sorriu, posto que a tristeza lhe toldasse o sorriso, dizendo em tranquilas palavras: E quem sabe a história da sua alma? Quem?! Todos possuem um livro como este — visível ou invisível, não é verdade? A vida é assim: temo-la sob os olhos e não a deciframos... e ela devora-nos. É a Esfinge. Volte uma página deste livro para diante — é o amanhã, mistério da vida. Folheie-o para trás, ainda mistério! O passado, a morte. O presente, que é? Uma redouça em que nos balançamos entre a saudade e a esperança. É assim. De que vale saber? Feche o volume... Ou deixe-o aberto. Em sono ou em vigília a vida é sempre indecifrável.

Mas feche-o — assim é como um abismo a que se não vê o fundo. Dá a vertigem. Feche-o! A noite está linda! E encaminhou-se para o terraço. lnterpelei-o sobre a novela.