era para ele como um objeto delicado que se conserva em vitrina. Amor não havia. Que fez por mim? Deu-me a vida educou-me e instituiu-me herdeiro da fortuna que dissipo. Eu dormia e ele despertou-me... e ando agora como um estremunhado só desejoso de voltar ao sono. Dê-me a sua mão. Cedi e ele levou ao pescoço volteando-o com ela, ao rez dos ombros, fazendo-me sentir a carne macia e fria que os meus dedos premiam. Deteve-me num sulco e, seguindo por ele, fui sentindo o relevo de uma larga sutura, como a erupção de uma urticaria.

— Sente? E manteve a minha mão, forçando-a.

— Sim.

— Que lhe parece? Hesitei na resposta e ele adiantou-se: Vestígio de decapitação, não é verdade? Estremeci àquele dizer trágico. É o colar da morte, a gargalheira que me prendeu a vida. Sinta! Sinta! E, tombando a cabeça, andou com a minha mão em torno do pescoço recalcando-a e eu sentia aquela espécie de eritema, em erosões e ressaltos,