de uma igreja em torno da qual, todas as tardes, à hora de ouro do poente, abriam-se colares de andorinhas ou, no inverno, abandonada e hirta, no fundo do céu cinzento, parecia toda de neve, tremendo ao vento que passava uivando.

Não me aparecia viva alma; vozes, só a dos animais, ao longe, ou o rouquejo rangente da minha governante, uma mulher magra, tão alta e tina que vergava como as canas flexíveis, cor de cobre, cabelos negros escapando-se, em melenas, de uma coifa de seda. Não me perdia de vista: durante o dia, sempre nos meus passos, à noite estendia-se em uma pele de tigre, ao lado da minha cama, pondo-se alerta e de pé ao mais leve movimento que eu fizesse.

Se eu saía dos meus aposentos, adiantando-me pelo corredor atapetado, ia certo da espionagem dos seus pequeninos olhos negros, mais agudos do que estiletes, que me seguiam através de uma frincha, de um vão de porta e era ponto eu chegar à escada de ferro que, em volutas, levava ao último andar,