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Fadou-me a sorte Poeta,
Tenho abysmos em minh’alma,
Coração tenho propheta,
Que me induz á justa palma.
Já que a esperança na terra
Só mentiras faz soprar,
Quero escutar a verdade
No forte bramir do mar!
Na só do mundo a vida
De perfidias não travada,
Busco segura guarida
Ao infeliz consagrada: —
É intima, pura, e unica,
Que mais falla ao coração —
É o eculeo da existencia, —
É a amena solidão! —
Da terra fallaz, vaidosa
Já não quero os seus segredos,
Outra vida mais ditosa
Procuro nos mares quedos. —
Dos Ceus emmanados puros —
Magos sons quero escutar,
É linguagem que não mente,
É o rugido do mar! —