144
ESPUMAS FLUCTUANTES


Nas orlas de meu manto o vendaval s′enrola...
Como invisível dextra açouta as faces minhas..
Emquanto que eu tropeço... um grito ao longe rola
— Quem foi 7 perguntam rindo as solidões marinli;

Seunor! Um facho ao menos empresta ao caminhante.


A treva me assoberba... Ó Deus! dá-nie um clarão!

E uma voz respondeu nas sombras triumphante:
— Accende, ó viajor! — o facho da Razão! —

Senhor! Ao pé do lar, na quietação, na calma,
Pôde a flamma subir brilhante, loura, eterna;
Mas quando os vendavaec, rugindo, passam n′alnia,
Quem pôde resguardar a tremula lanterna?

Torcida... desgrenhada aos dedos da lufada
.Bal,eu-me contra o rosto... e se abysmou na treva.
Eu vi-a vacillar... e minha mão queimada
A lâmpada sem luz embalde ao raio eleva.

Quem foz a gruta - escura, o pyrilampo cria!
Quem fez a noite — azul, inventa a estrella clara!
Na fronte do oceano — accende uma ardentia!
Com o floco do Santelmo — a tempestade aclara!