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Disse isto a Sombra. E, ouvindo estes vocábulos,
Da luz da lua aos pállidos venábulos,
Na ancia de um nervosissimo enthusiasmo,
Julgava ouvir monótonas corujas,
Executando, entre caveiras sujas,
A orchestra arripiadora do sarcasmo!

Era a elégia pantheista do Universo,
Na podridão do sangue humano immérso,
Prostituido talvez, em suas bases.
Era a canção da Natureza exhausta,
Chorando e rindo na ironia infausta
Da incoherencia infernal d’aquellas phrases.

E o turbilhão de taes phonémas acres
Trovejando grandiloquos massácres,
Ha-de ferir-me as auditivas portas,
Até que minha ephémera cabeça
Reverta á quietação da tréva espessa
E á pallidez das photosphéras mortas!