As Scismas do Destino

I

Recife. Ponte Buarque de Macedo.
Eu, indo em direcção á casa do Agra,
Assombrado com a minha sombra magra,
Pensava no Destino, e tinha medo!

Na austéra abóbada alta o phósphoro alvo
Das estrellas luzia. O calçamento
Saxeo, de asphalto rijo, atro e vidrento,
Copiava a polidez de um cráneo calvo.

Lembro-me bem. A ponte era comprida,
E a minha sombra enorme enchia a ponte,
Como uma pelle de rhinoceronte
Estendida por toda a minha vida!

A noite fecundava o ovo dos vicios
Animaes. Do carvão da treva immensa
Cahia um ar damnado de doença
Sobre a cara geral dos edificios!