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Tal urna hórda feroz de cães famintos,
Atravessando uma estação deserta,
Uivava dentro do eu, com a bocca aberta,
A matilha espantada dos instinctos!

Era como si, na alma da cidade,
Profundamente lubrica e revôlta,
Mostrando as carnes, uma besta solta
Soltasse o bérro da animalidade.

E aprofundando o raciocinio obscuro,
Eu vi, então, á luz de aureos reflexos,
O trabalho génésico dos sexos,
Fazendo á noite os homens do Futuro.

Livres de microscopios e escalpellos,
Dansavam, parodiando saraus cynicos,
Billiões de centrosomas apollinicos
Na camara promiscua do vitellus.

Mas, a irritar-me os glóbos oculares,
Apregoando e alardeando a côr nojenta,
Fetos magros, ainda na placenta,
Estendiam-me as mãos rudimentares!

Mostravam-me o apriorismo incognoscivel
Dessa fatalidade egualitaria,
Que fêz minha familia originaria
Do antro daquella fábrica terrivel!

A corrente atmospherica mais forte
Zunuia. E, na ignea crostra do Cruzeiro,
Julgava eu ver o funebre candieiro
Que ha de me allumiar na hora da morte.