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Porque, para que a Dor perscrutes, fôra
Mister que, não como és, em synthese, antes
Fosses, a reflectir teus semelhantes,
A propria humanidade soffredôra!

A universal complexidade é que Ella
Comprehende. E si, por vezes, se divide,
Mesmo ainda assim, seu todo não reside
No quociente isolado da parcella!

Ah! Como o ar immortal a Dôr não finda!
Das papillas nervosas que ha nos tactos
Veio e vai desde os tempos mais transactos
Para outros tempos que hão de vir ainda!

Como o machucamento das insomnias
Te estraga, quando toda a estuada Idéa
Dás ao soffrego estudo da nymphéa
E de outras plantas dicotyledoneas!

A diaphana agua alvissima e a hórrida áscua
Que da ignea flamma bruta, estriada, espirra;
A formação molecular da myrrha,
O cordeiro symbolico da Paschoa;

As rebelladas cóleras que rugem
No homem civilisado, e a elle se prendem
Como ás pulseiras que os mascates vendem
A adherencia teimosa da ferrugem;

O orbe feraz que bastos tojos acres
Produz; a rebellião que, na batalha,
Deixa os homens deitados, sem mortalha,
Na sangueira concreta dos massacres;