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E eu desejava ter, numa ancia rara,
Ao pensar nas pessôas que perdera,
A inconsciencia das máscaras de cêra
Que a gente prega, com um cordão, na cara!

Era um sonho ladrão de submergir-me
Na vida universal, e, em tudo immérso,
Fazer da párte abstracta do Universo,
Minha morada equilibrada e firme!

Nisto, peor que o remorso do assassino,
Reboou, tal qual, num fundo de caverna,
Numa impressionadora voz interna,
O echo particular do meu Destino:

III

«Homem! por mais que a Idéa desintegres,
Nessas perquisições que não têm pausa,
Jamais, magro homem, saberás a causa
De todos os phenómenos alegres!

Em vão, com a bronca enxada árdega, sondas
A esteril terra, e a hyalina lampada ôca,
Trazes, por perscrutar (oh! sciencia louca!)
O conteúdo das lagrimas hediondas.

Negro e sem fim é esse em que te mergulhas
Lugar do Cosmos, onde a dôr intrene
É feita como é feito o kerosene
Nos reconcavos húmidos das hulhas!