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cegueira e da mudez, ensanguentando inutilmente as mãos nos grilliões imaginários, com o delirio supremo, a afflicção tremenda de uma alma que não sabe, que não pode dizer quanto soííre e soffre ainda mais por isso e suífóca e soluça e convulsiona e rebenta de soífrimento.

Era uma dor que tinha a sensibilidade curiosa de um violino miraculoso, vibrando freneticamente, com requintadrr nevró.se, atravez de nevoeiros frios, n′algum paiz polar, e cujo som, partindo em arestas finissimas e inflammaveis, em vez de deliciar de harmonia, ferisse, côrtasse e queimasse as carnes.

A principio aquella Dor subia como leve, melodiosa bailada fria e triste, por turvo luar, sobre lagos calados, entre paisagens de lenda.

Subia suspirantemente, na magoa dilacerante dos adeuses derradeiros, afflictiva lancinancia das preces... Depois, transfigurada por invisível vendaval sinistro, era uma Dor que avassallava todo o seu organismo como um espasmo de allucinação, rugindo em bramidos de mar alto nos bravios costões desertos nas abruptas penedias, nas brenhas brancas, sob as trevas soturnas e avernicas das tempestades, cruzadas pelos Signos diabólicos e phospliorescentes dos relâmpagos. ..