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Sob a florescência casta e voluptuosa da lua, n′uma noite em que eu ia embebido n′um desses sonhos que nos transportam ainda mesmo accordados, deparei com um vulto de mulher, alta, esgalgada e livida, vestida de negro e velada pela redoma vaporosa da bruma da lua...

Parecia trazer, como auréola extravagante, a nostalgia de échos e rumores extinctos...

O seu rosto branco, lactescente, na magestade do negror das vestes, tinha uma belleza augusta.

A fronte era como um céo pallido e sereno para constellar de beijos soluçados de imprevista e suprema paixão.

Os cabellos, iriados d′orvalho luminoso, como que disprendiam certa phosphorescencia leve... Não eram louros, eram negros e de um oleoso quente, impressionante, fascinativo.