na fimbra das azas olvidadas e poderosas os últimos
raios ouro- violáceos do crepúsculo que essas
aves ignotas pareciam ter trazido nas immensas
sombras das azas e que descera então afinal sobre
aquelle pasmoso e interminável dia tão duramente
impassivel como as pedras.
As sombras, amplas, largas, pezadas, circunvolvêram logo os sáfaros areiaes dezertos.
Por entre brumas espessas, vagorosa e taciturna, na lenta génese da sua luz, apparecêo a lua, vagamente lembrando a nebulosa de um Espirito...
Uma claridade diluida, fina, frouxa, ia ungindo tudo....
Ondas e ondas nervosas de brancuras lividas se derramavam como rezinas illuminantes; evaporações subiam, se exhalavam como de amphoras ardentes, envolvendo a vastidão entre diaphanas auréolas phantasiosas.
Certas tonalidades azuladas, roxas, sulphúreas, languesciam, quebravam-se..
E aquelles aspectos deslumbradores, magos, dos dezertos que se repetiam e que o luar martyrisava de uma grande magoa muda, pareciam os aspectos quietos, calados, lacerantemente, silenciosamente dolorosos, das paragens mortas do Esquecimento...