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E agora, no luar, outra original anciedade se diííundia — profunda, mais profunda do que nunca, para o Desventurado eterno.
Harmonias violinadas e doloridas alanceavam-lhe os nervos; finas e subtilissimas melodias afinadas pela mais introdusivel amargura fluíam dos raios do luar, das neblinas, dos Angelos do luar...
E jamais, jamais Araldo parecera tanto um Espectro como agora, com o sêllo impenetrável dais Desilluções augustas, os olhos, a bocca, o peito e os pés já lethargica, sonmolentameute tocados por fluidos gélidos e magnéticos de morte, como que revestido do sambeaito para os Autos de fé, caminhando dentro do Sonho, do espasmo branco do luar soturno e cirial...
E todos os sentidos de Araldo se requintavam, atilados na sonoridade acústica da alva claridade nocturna; uma percuciencia maior, mais intensa, os vibrava; elle sentia a acuidade penetrante de tal modo expressiva e flagrante como se o seu ser fosse parte esparsa, diluida no grande todo que a lua lyriava, agindo com o agir dos inorgânicos, do alado, do evaporavel, na mesma sensibilidade intanscivel da naturesa circundante.
Elle sentia diffundir-se-lhe diante dos olhos esse indeffinido perpetuar de visões e sensações,