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de um fino nevoeiro d′estrellas, como uns ollios de lagrimas...
E Araldo seguia, esquecido Arclianjo primitivo, levado pelas azas sulphúreas dos corcéis árdegos d′aquelle phantastico somnambulismo, tatuado pelos gilvases do luar; lá ia aquella tormenta viva de nervos, aquella alta psychose, nas transfigurações e nas auréolas da Dor; lá ia o nirvanismo do nirvanismo, o infinito do infinito...
Súbito, porém, ura vendaval terrível, o attordoante simoun convulsivo, epiléptico, abrazador e medonho, tão espesso, tão denso que encobrio totalmente o luar, bramio em rodomoinlios, em vórtices tenebrosos, revolvendo, levantando em montanhas no espaço toda a torva poeira dos areiaes.
Um simoun estranho, mais horrível que nos desertos da JSíubia, ennovelado, torcicoloso, em grossas espiraes de serpentes gigantescas, cyclópicas, com as caudas e as cabeças titânicas vertiginosamente alvoroçadas nos delyrios sanguisidentos dos lethificos e monstruosos venenos.
Nas cordas tempestuosas desse vento tremendo choravam por vezes symphonias thaunauserianas, loucuras rei-leareanas. Éra como se turbilhões de demónios soltos, arrancando os cabellos com desespero, bufassem e ulluU assem.