O que elle, apenas, em realidade sentia
naquella hora velada, além de uma esparsa e
acerba saudade de tudo, era uma caricia infinita,
verdadeiramente inexplicavel, invadil-o todo,
difundir-se pelo seu ser como que em musicas e
mornos toxicos luminosos. Era uma dormencia
vaga, uma leve quebreira e lethargia que o mergulhava
n'um somno nebuloso, por entre irisações
de brancura, n'um apaziguamento suave, como
si elle estivesse acaso adormecido em cisternas de
leite, ouvindo passaros invisiveis cantar e sons
subtilissimos de harpas docemente, finamente
fluindo...
Era um luar espasmodico, em deliquios, que nervosamente o aureolava, que lhe cahia em neblinas de lyrios madidos nas origens mais reconditas da alma. Era um oleo paradisiaco que manso e manso o acalmava, o anesthesiava. Uma extrema caricia, que fazia dilatarem-se-lhe