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não virem o grande alcance d’estes estudos que dão nova, completamente nova face á anthropologia, á exegese, á critica, á historia, e chamam os philosophos para o campo para onde já Bacon lhes apontava.

Bem funesta, tristemente fatal, será a cegueira dos que á frente dos destinos de uma nação não pensarem que se o homem subjuga a natureza é, porém, escravo da ideia.

Estudos tão vastos como estes designados sob o nome de «Orientalismo» não parece podessem ser tratados em doze dias. Custa a conceber que a actividade humana podesse vencer a velocidade do tempo. Soube porem vencel-a. As sessões eram de manhan, á tarde, e até algumas tambem de noite. De doze dias souberam aquelles homens fazer vinte e seis. E, neste ainda tão breve espaço, occupou-se o Congresso, sob o ponto de vista linguistico, ethnographico e religioso, da Asia toda, da Oceania, da Grecia e da Costa mediterranea da Africa; expoz os objectos mais curiosos da artee da industria japoneza e chineza; registrou pormenores interessantissimos ácerca dos povos primitivos e dos immigrados, no Japão e na China, na India, na Malaysia, no Egypto e no Sul da Europa Oriental, mostrando a irreductibilidade dos differentes grupos ethnicos; combateu a classificação de linguas agglutinantes devida a Max-Mueller, desfazendo a synthese em que o grande glottico e profundo indianista tinha envolvido todos os idiomas que não são chinezes, nem irano-indo-europeus, nem semitas, comprehendendo elle prematuramente e d’um modo quasi, senão de todo, arbitrario e vago em um só grupo as linguas da America, de quasi toda a Africa, da Asia oriental, da Oceania e de parte da Europa inclusive o basco ou vasconço; deixou de parte a unidade incontestada dos povos áryas ou