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irano-indo-europeus, cuja identidade lexica e grammatical, cuja estructura de idiomas revela o estado intellectual, moral e social das raças civilisadoras da Persia, da India e da Europa; deixou a independencia aos grupos japonez, chinez, turanno-finno-mongolico, dravidico e malayo; discutiu as religiões do Egypto, da Persia e da India, dando toda a liberdade e respeitando com toda a tolerancia aos que acceitam a ideia d’um monotheismo e espiritualismo primitivo, e aos que defendem a evolução do fetiehismo passando á astrolatria (como se encontra e se vê do naturalismo vedico), ao polytheismo, ao monotheismo, á metapbysica, pondo frente a frente os que crêem na religião revelada e a julgam sobrenatural e os que consideram as religiões como phases da concepção do mundo caindo na metaphysica, soltando-se do theologismo e finalmente irrompendo, por virtude da sciencia positiva, positiva e scientifica ella tambem e a unica tolerante cujo ideal é ao mesmo tempo real — a Humanidade. O congresso realisou mais na parte prática o grande desideratum «de um alphabeto internacional para transcripção do japonez em caracteres europeus» derramando no futuro, pela imprensa, as mais nobres ideias modernas no longinquo paiz do extremo oriente, o Japão, faminto de progresso, ardendo na sêde de civilisação.

A este congresso se seguirão outros, cada um em differente paiz da Europa. A Portugal ha de chegar a sua vez. È preciso, portanto, que Portugal se prepare para se mostrar digno d’esta honra, e não se deixe ficar fóra da communhão dos povos que o chamam e o convidam a entrar nas luctas intellectuaes. É preciso desenvolver em Portugal o Orientalismo. E para este fim nos reunimos aqui hoje sem termos outras pretensões senão as de homens de boa vontade.