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FANTINA

— Pois se você quizer, tia Roza, fazer uma coisa que eu cá sei, muito breve você fica forra.

A mulata concertou o lenço da cabeça e riu um rir franco e bom, onde passavam os choques de esperanças brancas como capuchos de algodão.

— Tudo quanto sinhô mandar, sua negra está prompta para fazer.

— Então,—disse Frederico correndo o olhar em torno para certificar-se de que não era ouvido,—então quero que me arranje a Fantina. Você deve passar nella a lingua e ver ; se ella quizer, eu prometto liberta-la no dia seguinte.

Veja se o negocio fica era segredo, porque D. Luzia sabendo bufa commigo. E sacodia a cabeça, com as mãos mettidas nos bolços das calças, olhando a velha meio espantada.

A Roza comquanto desse a vida pela liberdade, todavia estranhou a pretenção do senhor casado de fresco.

— O negocio não é de temer,—ajunctou Frederico—; não deixarei acontecer nada a você.

Roza ficou de dar a resposta ao outro dia ; mas desde esse momento não pôde mais trabalhar.