Mas de pejo te cobre se te é força
Confessar que lidando em treva escura,
Sente o homem honrado o bom caminho.
Ora bem! Muito tempo não preciso,
Desta aposta que fiz nada receio.
Se meu intento logro, tu permitte
Que cante em altas vozes o triumpho.
Qual a famosa serpe, minha tia,
Ha de comer com gosto o pó da terra.
Poderás nisso andar a teu talante;
Nunca a teus similhantes odio tive.
De todos os espiritos que negam
O velhaco me é menos pesado.
Afírouxa o homem prompto a actividade
E em molle indolencia se deleita,
Porisso companheiro dar-lhe folgo
Que o excite e punja, e tome parte
Da creação na obra, como démo..
Mas vós de Deus a verdadeira prole
Da belleza gosae fecunda e viva!
D'amor nos doces laços vos involva
A substancia que eterna vive e obra,
Fixae com pensamentos perduraveis
O que fluctua em vagas apparencias.