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Horror! Inda no carcere encerrado!
Oh caverna maldicta, tenebrosa,
Aonde a propria luz do ceu tão chara,
Por vidraças de côr penetra turva!
De livros por acervos estreitada,
Que roem vermes e a poeira alastra,
D'affumados papeis té a alta abobeda
Toda coberta; de redomas, vidros,
D'instrumentos pejada, accumulados
Aqui d'avós os carcomidos moveis —
Teu mundo é isto? Chama-se isto um mundo?

 

E perguntas ainda porque ancioso
Teu coração no peito se confrange,
E occulto soffrer inexplicado
A energia vital em ti comprime?
Em logar da vivente natureza,
Em cujo seio Deus creou os homens,
Rodeam-te entre a podridão e o fumo
Sómente ossadas nuas e esqueletos.

 

Foge, eia, foge pela vasta terra!
E este livro de mysterios cheio,
Da propria mão de Nostradamo 'scripto
Não te será bastante companhia?
O curso então entenderás dos astros,
E se mestra te fôr a natureza,
Sentirás elevar-se a força da alma