S. Bernardo
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Indecente, aquella “Gazeta”. E o Brito, a pedir dinheiro, estava-se tornando insupportavel.

Azevedo Gondim, cançado por duas leguas a pé, bocejou e espreguiçou-se:

Então os candidatos do Pereira são derrotados, hein?

Eleição municipal.

— Não interessa. Bico de penna!

Torcidas de verdade, sim: mandava os meus eleitores ás urnas e recebia em troca os agradecimentos do partido. Trieazinhas locaes, não. Se o Pereira tinha pisado em casca de banana, peor para elle: cahia, vinha outro e arranjava-se nova chapa.

— Bem feito, resmungou Padilha, que não perdoa ao Pereira ter desconfiado dos seus projectos de agricultura. Aquillo é um jumento.

— Que injustiça! bradou João Nogueira sorrindo. O Pereira até agora foi um sujeito de tino. Todo o mundo gabava a prudencia delle. Hoje o Padilha tacha-o de jumento.

— Homem, aventurou Azevedo Gondim coçando a barba, não é só o Padilha. Eu tambem. E você. Num momento como este dar murro em faca de ponta! Se tivessemos uma eleição federal de cabala, vá. Mas quando o governo não faz caso de votos, querer sacudir padre Silvestre na prefeitura! O Padilha tem razão.

— Ora essa atalhei. Você não sustentou a candidatura do vigario no jornal, Gondim?