lhe escapara decerto nem essa circunstância, nem o curioso ponto de malha que a sobrinha apesar do escuro acabava de inventar.

Julgo conveniente dar às minhas amáveis leitoras, se as tiver, a explicação desse ponto elegante, porque estou certo a não encontrarão em nenhum jornal de modas.

Faz-se volta sobre a mão direita, enfia-se a agulha sutilmente pela fresta da rótula; um cavaleiro na rua amarra um bilhetinho na agulha e estica o retrós; colhe-se então docemente a volta, e de novo trançando as malhas, remata-se o ponto de laçada. Há atualmente muitos outros pontos de croque mais em voga; porém nenhum tão elegante como aquele.

Muito antes de terminar D. Severa o episódio da bisavó, tinha Leonor rematado seu ponto; e sentindo a fazer-lhe cócegas no seio um papelzinho dobrado, tornou-se inquieta e desassossegada. Nem mais escutava a narração daquela famosa aventura do bogarim, que tão viva curiosidade lhe despertara pouco antes.

Afinal se não pôde conter:

— Eu volto já, tia D. Severa; um instantinho, enquanto arranjo meu toucado que se desmanchou, não sei como.

— Pois juntas iremos.