alguma bela dama, e a paciência dos camaradas impertinentes; mas já então existiam os estancos e monopólios com que se esfomeava o povo para enricar aos mimosos da terra.

Nenhum dos circunstantes fizera reparo em uma velha de mantilha, que desde o começo da palestra levara a passar pela frente da casa do Viana, quando não se escondia no canto do outão. Embora não tivesse a conferência cousa de comprometer, tanto que a faziam na calçada, todavia se percebessem o manejo da sujeita, é de crer que não consentiriam nessa bisbilhotagem.

Cansada de espreitar, a velha deitou-se a trote miúdo para as bandas do Corpo Santo e foi ter a uma rótula, onde aparecia a mais emaranhada grenha que já lastrou em cabeça de mulher. A dona deste cipoal mal se podia conter à gelosia; pois lhe estavam saindo a língua e as melenas pelas grades e o corpo pela adufa.

— Deus me perdoe! Querem ver que foi esta excomungada que se alambazou com a minha mantilha! Ladra do inferno! Espera que eu te ensino!

Proferindo esta praga, a sujeita que deitara os gadanhos ao pescoço da velha puxou-a para dentro onde, com espanto seu, desembrulhou-se da mantilha a cara velhaca do nosso muito conhecido Cosme Borralho.