O Sol, nas arraiadas calmas;
brilhara sôbre montes, sobre vales,
sôbre inconsciências de campônios,
sobre paisagens de Corot;
havia beijos môrnos de íavônios,
e aos altos montes e nos íundos vales
os galhos eram compassivas almas,
dando sombras no prado e frescura nas fontes...
— Hoje, por vales e por montes,
tudo mudou.

Tudo mudo!... Atra estralada de bombardas
em sanha, um clangorar de márcios trons reboando,
tempestades terrestres estrondeando,
tiritir, sibilar, zinir miudo de balas
caindo sôbre absconsas valas,
corriscos, ráios levantando-se de covas,
batalhões infernais em soturnas atoardas,
clarins gritando, baionetas scintilando,
bramidos, golpes, ais. suspiros, estertores...

Que é dos outonos de húmidos calores?
que é das colheitas novas ?...

Onde as íoces brilhando ao Sol ?
onde as tardes de rouxinol ?
onde as cantigas? onde as camponesas;?
onde os bois nas charruas?
onde as aldeias de sonoras ruas?
onde os caminhos com arvoredos e tramboezas?
Tudo mudou!

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