— E que livro foi?
— Um romance.
— Paulo e Virgínia?
— Manon Lescaut.
— Oh! exclamou Estácio. Esse livro...
— Esquisito, não é? Quando percebi que o era, fechei-o e lá o pus outra vez.
— Não é livro para moças solteiras...
— Não creio mesmo que seja para moças casadas, replicou Helena rindo e sentando-se à mesa. Em todo o caso, li apenas algumas páginas. Depois abri um livro de geometria... e confesso que tive um desejo...
— Imagino! interrompeu D. Úrsula.
— O desejo de aprender a montar a cavalo, concluiu Helena.
Estácio olhou espantado para a irmã. Aquela mistura de geometria e equitação não lhe pareceu suficientemente clara e explicável. Helena soltou uma risadinha alegre de menina que aplaude a sua própria travessura.
— Eu lhe explico, disse ela; abri o livro, todo alastrado de riscos que não entendi. Ouvi porém um tropel de cavalos e cheguei à janela. Eram três cavaleiros, dois homens e uma senhora. Oh! com que garbo montava a senhora! Imaginem uma moça de vinte e cinco anos, alta,