Lagartas e Borboletas
— Que fim levou o Visconde? — quis saber Narizinho. — Há já três dias que não o vejo.
— Com certeza anda no fundo do laboratório, às voltas com alguma nova invenção. Ele agora só cuida disso. Virou Édison.
Emília, que ia passando, confirmou:
— Está lá sim, dando os últimos retoques na máquina de ler o pensamento dos animais.
— Que história é essa?
— Como eu disse: máquina de ler o pensamento dos animais. Para mim, é a invenção mais maravilhosa mundo. "Todos os animais pensam, como nós", diz o Visconde, mas como não sabemos a língua que falam, não temos meio de conhecer o pensamento deles. Com a nova invenção tudo se torna muito simples.
— Como é a invenção?
— Um aparelho — uma caixa assim do tamanho de um tijolo, com o miolo da invenção dentro. A gente liga um fio que sai da caixa à pele do animal e cola o ouvido à tampa, e houve com a maior clareza o que o animal está pensando.
— Está aí uma dessas coisas que só vendo. Se for verdade, o Visconde inventou ventou uma verdadeira revolução. Porque se a máquina permite a leitura do pensamento dos animais, também permitirá a leitura do pensamento dos homens (que são animais e muitos até animalíssimos) — e mil novidades vão acontecer. Num crime, por exemplo: não é preciso interrogar réu nem as testemunhas, basta ligar o fio à pele do acusado e ficar ouvindo. Mas será verdade? — e Pedrinho, ainda na dúvida, foi consultar Dona Benta.
— Acha possível, vovó, descobrir-se um aparelho de ouvir o pensamento dos animais?