— Espestapa! (Esta)
A deusa entendía mas a ninfa não — e saindo da fila vinha colocar-se ao lado do trono. Quando se completou o grupo das seis, Emília ofereceu a cada uma delas uma flor polvilhada com o pó de pirlimpimpim, dizendo:
— Se forem capazes, cheirem essas flores, todas ao mesmo tempo mas sem espirrar — e as bobinhas, pensando que era um simples brinquedo (o brinquedo de cheirar e não espirrar), cheiraram as flores, enquanto Emilia dizia: Um, dois e TRÉS!...
— Fiun!... Seis fiuns e lá se sumiram as ninfas, para irem reaparecer no pomar do Picapau Amarelo, tontinhas, coitadas, e muito surpresas de se verem no meio de plantas desconhecidas — mangueiras, jabuticabeiras, pitangueiras, por entre as quais passeava — rom, rom, rom — um leitãozinho gordo, de fitinha na cauda, o Senhor Marquês de Rabicó. E viram também um animal monstruoso, que elas desconheciam, conversando com um burro: Quindim de prosa com o Conselheiro. Assustaram-se as pobrezinhas, e quiseram voltar para o Reino de Flora — mas como?
Enquanto lá no pomar as seis ninfas se entreolhavam, sem saberem o que fazer, no Reino de Flora, Emilia cochichava ao ouvido da deusa:
— Não o deixo aqui porque o Visconde agora tem de me acompanhar até lá. A senhora bem sabe que uma menina como eu não pode fazer sozinha uma viagem tão longa.
— Que perigos há?
— É boa! Os perigos do ar, deusa! Corujas, morcegos.
— Mas jura que me devolve o Visconde? — insistiu Flora, sempre com medo de que Emília a lograsse.
— Juro pelo chifre do Quindim que amanhã sem falta a excelsa deusa Flora receberá aqui o Senhor Visconde de Sabugosa, enviado lá do Reino de D. Benta I pela Marquesa de Rabicó.
— Quem é essa Marquesa?
— Esta sua criada!