AS NINFAS DE EMÍLIA
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— E Sabugosa é o nome do Visconde de cartola?

Emília respondeu que sim. Em seguida vieram os adeuses. Houve abraços e beijos, terminados os quais Emília deu uma pitada de pó ao Visconde e reservou outra para si. Cheiraram-nas ao mesmo tempo e fiun!... Sumiram-se os dois.

Assim que acordou lá no sítio, Emília correu em procura de tia Nastácia. Encontrou-a fervendo pêssego salta-caroço para fazer uma pessegada.

— Depressa, Nastácia! Largue tudo e me arranje um Visconde fac-símile. Já, já ...

— Que fogo é esse, diabinha? Parece que comeu brasa...

— É que fiz um negócio; comprei uma coisa e tenho que pagar com um Visconde igualzinho ao nosso, mas fac-símile.

— Que história é essa?

— Fac-símile quer dizer "de mentira". A deusa está esperando.

— Que deusa?

— Flora.

A única Flora que Nastácia conhecia era uma neta da Nhana Baracho, meninota levada, que certa vez lhe havia jogado uma laranja podre. Julgou que se tratasse dela e ficou resmungando:

— Deusa, aquela sapeca? Era o que faltava! A pestinha me fez aquilo, mas quem faz paga. Neste mundo, Deus que me perdoe, a gente não pode fazer isto de mal pros outros, porque, mais dia "menas" dia, paga mesmo. Me jogar uma laranja podre em cima! Eu, uma velha!... Ela que espere que qualquer dia ... Que é isso? Já aqui outra vez?

Era Emília que voltava do paiol com uma braçada de sabugo para que tia Nastácia escolhesse um.

A negra não teve remédio. Escolheu um e fez um Visconde falso bastante igual ao verdadeiro. A cartolinha saiu muito malfeita, mas servia. Restava apenas escrever-lhe nas costas a palavra Fac-Símile.

Por que isso? Porque Dona Benta tinha explicado certo dia que era um ato muito feio enganar os outros, impingindo uma