— É histórica também esta árvore, papai?
— Sim, a seu modo — respondeu Dom Francisco — pois tem a honra de abrigar uma inscrição famosa.
O menino leu:
Tu que passas e levantas contra mim teu braço, antes de fazer-me mal olha-me bem.
Sou o calor de teu lar, nas longas e frias noites de inverno.
Sou a sombra amiga que te protege contra os rigores do sol.
Meus frutos saciam tua fome e acalmam tua sede.
Sou a viga que suporta o teto de tua casa; a tábua de que está feita a tua mesa; e a cama em que dormes e descansas.
Sou o cabo de teus instrumentos de trabalho e a porta de tua casa. Quando nasces, embala-te um berço feito de minha madeira, e quando morreres o teu ataúde o será também — e te acompanhará ao seio da terra.
Sou "pano de bondade" e flor de beleza.
Se me amas como mereço, defende-me dos insensatos.
Faz-me respeitar: sou a árvore.
— Que bonito, papai! — exclamou Pancho, sentindo pela primeira vez em sua vidinha de criança a misteriosa impressão da beleza pura. — Quem escreveu isto?
— O maior educador das Américas. Seu nome está no fim da inscrição.
Panchito leu: Domingos Faustino Sarmiento.
— Não sei de palavras mais belas, meu filho, mas Sarmiento não disse tudo. A árvore é tudo isso e ainda muito mais.
— Mais, papai? — admirou-se o menino. — Que mais pode ser?
— Se Sarmiento voltasse ao mundo e fosse refazer sua inscrição poderia acrescentar o seguinte: "Sou também a condicionadora dos climas, a purificadora do ar atmosférico, o amparo contra os ventos, a defensora do solo contra as erosões. Sou a fonte da mais preciosa matéria-prima da indústria moderna. Do meu lenho se faz o papel em que os poetas escrevem