– Para quê, meu pai? o mal não está nesta terra, nem nestes ares, nem em nada do que me cerca; o mal está dentro de mim mesma, e me acompanhará por toda parte. Sossegue, meu pai; se Deus for servido, aqui mesmo melhorarei e ficarei boa.
– Deus assim o permita, minha filha! mas por quem és, não vás encerrar-te no quarto, nem lá ficar estatelada embaixo da gameleira, como costumas; não fazes idéia de quanto isso me aflige. Vai antes passear pelo quintal, tratar das tuas flores, dos teus passarinhos... senão fico pensando, que queres morrer mesmo, e me deixar sozinho neste mundo.
Joaquim Ribeiro já tinha suspeitado ou antes estava certo da causa dos sofrimentos de sua filha. Era para ele fora de dúvida que não era senão o moço que a tinha salvado da onça, que inspirando-lhe uma paixão cega e fatal, tendo-a livrado de uma morte desastrosa, a ia levando a outra morte mais lenta e talvez mais cruel. Sabia também que Eduardo estava ajustado para casar-se e talvez já estivesse casado com uma rica e formosa moça de seu país, e portanto por esse lado impossível lhe era tentar o mais poderoso senão o único remédio para o mal de sua filha. Todavia respeitando o melindre de Paulina, nunca ousou interrogá-la diretamente sobre tal assunto, porque entendia talvez com razão,