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por ter­minar aquele incidente, que a mortificava.

– Isso mesmo, prima... quer, não quer?

– Quero, primo, porque meu pai assim o quer, e é meu dever obedecer-lhe.

– São todas assim; – pensou Roberto lá com os seus botões – estão mortas por se casarem, e sempre de boca dura. E sabe, continuou ele em voz alta, que seu pai quer que isso seja quanto antes?

– Sei tudo, meu primo.

– Então apronte-se, minha rica prima, arranje quanto antes o seu enxoval... seu pai quer que o noivado seja aqui na roça, muito à capucha; mas eu não estou por essa; quero que seja no arraial e com muito arrojo; ele que não tenha susto, que eu faço as despesas. Que bonito noivado não há de ser... e que par feliz não havemos de ser, hem, minha prima do meu coração, meu benzinho da minha alma?

Assim falando, Roberto agarrava com amoroso frenesi em uma das frias e brancas mãos de Paulina, enlaçou-lhe com for­ça o braço em torno da cintura, e pespegou-lhe na face um sequioso beijo, cujo estalo teria denunciado ao longe seu atre­vimento, se o curral não estivesse completamente ermo, e retirou-se à pressa como que corrido de sua própria ousadia, e com medo de alguma reprimenda.