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de ventura para abismá-la imediatamente num pego de amar­guras. Aquela mimosa flor do deserto, que havia encontrado em seu caminho, de tão belo e puro matiz, tão rica de seiva e de perfume, vinha encontrá-la agora raquítica e pálida como goivo despencado de uma grinalda mortuária. E essa flor, que riso­nha e louçã se havia espanejado a seus olhos ofertando-lhe todo o perfume de seu cálix, ele a havia desdenhado e passado além com os olhos embebidos em não sei que falsa miragem... e fora esse desdém, que lhe mirrara o seio entornando nele o gérmen da destruição. E agora que desiludido e arrependido voltava sobre seus passos em busca da flor, cujo perfume lhe ficara guardado no coração, ainda seria tempo? poderia ele ainda com o bafejo de seu amor restituir-lhe o alento e a vida?... Quem sabe?

Eduardo, cujas pálpebras ardentes não se cerraram essa noite, esperava ansioso o alvorecer do dia. Paulina amanheceu mais tranqüila, posto que extremamente abatida e em tal estado de fraqueza, que não lhe permitia levantar-se da cama.

Eduardo quando saiu de seu quarto encontrou já na varanda o dono da casa debruçado ao parapeito e com os olhos na estrada de Uberaba, à espera de Roberto com o médico. Em sua impaciência não