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que já uma vez salvou-a, poderia salvá-la ainda, pois não há a menor dúvida, a pobrezinha tem uma paixão louca por esse moço... ah!... se fosse possível... que me importa o Roberto?... tratei com ele, é verdade; mas será ele tão bruto e tão desal­mado, que não tenha pena desta infeliz?... será tão estúpido, que não veja que não deve, nem pode casar-se com Paulina?... mas que loucura a minha!.., ele não pode – já está com­prometido e quem sabe se já casado com outra... Pobre da minha Paulina!... é agora que sinto a falta, que te faz tua mãe... só ela poderia entrar no segredo desse coração tão mal­tratado, e dar-lhe algum conforto e consolação... mas, eu... pobre de mim! que posso eu fazer senão chorar contigo, filha de minha alma!...

E as lágrimas corriam em fio pelas faces do velho na soli­dão da noite, cujo silêncio só era interrompido pelos delírios de Paulina, que entregue a um sono letárgico, murmurava sons confusos entre os quais vinha freqüentemente o nome de Eduardo.

Este, por seu lado, também se recolhera ao aposento que lhe fora destinado, com o coração transido de angústias, e pas­sou a noite nas mais cruéis tribulações de espírito. Ele pas­sara como o sopro do gênio do mal junto daquela formosa e interessante menina, e lhe fizera entrever um paraíso de amor e