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os alvos seios arquejando-lhe afanosos; era bela assim, bela de amor e de delírio.

– Sim, o meu amor, d. Paulina! o meu amor tão gran­de, como eu não sei explicar, e que decerto já existia sem eu saber dentro de meu coração, e que hoje rebenta como urna labareda, que eu não posso conter nem disfarçar.

– Ah! veio tão tarde! – disse Paulina suspirando e aba­nando tristemente a cabeça. – Outro lhe tomou a dianteira... já não me pertenço. Olhe aqui esta face... não vê como está vermelha?... arde-me como uma brasa... foi um beijo, e não foi o senhor que mo deu.

– Um beijo!... quem lho deu?

– Um beijo, sim... foi meu marido...

– A senhora está gracejando... quem é seu marido?...

– Pois não sabe?.., o primo Roberto é meu marido... meu pai mandou-o chamar; ontem ficou tudo ajustado.

– Ah! já entendo, – murmurou Roberto alcançando que as palavras de Paulina não eram puro delírio como a princípio pensara. – Se assim é, refletiu ele consigo, – não me resta mais esperança alguma.